quarta-feira, 16 de junho de 2010

Livre associação

Olhando nos meus guardados, encontrei um texto que fiz em meados de março de 2009, resolvi postar...


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Uma cama preto e branco; umas fotos nas paredes; um ventilador que me faz lembrar de uma coisinha que me ama; bolinhas cor de rosa; um milhão de canetas; um espelho quebrado; um guarda roupas de pano; meia dúzia de roupas espalhadas; nenhuma tv; um sapo que é tão inseparável que já é mais que real; umas poucas lágrimas; um terço de depressão no sábado a noite; uma pilha de textos para serem lidos e compreendidos e quase nada de concentração; uma conversa comigo mesma só pra não surtar; nenhuma comida saudável na geladeira e muito macarrão instantâneo no armário; um pouco de poesia independente no rádio; algumas balinhas pra dormir; algumas cartas para serem escritas; muito silêncio; uma saudade que não cabe mais nem nesse grande apartamento!


Paredes tão brancas que me tiram do sério; nenhum meio de comunicação viável com a parte de lá do meu coração; algumas centenas de quilômetros; um esmalte lilás; um perfume que ele me deu; algumas poucas moedas na carteira; muita criatividade querendo dar cria; o nariz que arde; a garganta que dói; escadas; carência afetiva; aquela busca da verbalização do que se sente através das letras de musicas; um all star velho e querido; a espera do próximo feriado prolongado; a vontade de uma ligação interurbana ilimitada; uma roupa de cama costurada pelas mãos daquela minha progenitora; uma saudade de assistir SBT; o cabelo que cai e sente que alguma coisa não ta bem há muito tempo; a necessidade de rir e o sol só amanhã; enfrentando sozinha os problemas que por vontade própria escolhi!


Durmo sozinha largada em dois metros de cama; aquela velha mania de racionalização dos sentimentos e a ingenuidade de achar qe domino aquele órgão pulsante denominado coração; umas promessas que me fiz e que ainda não cumpri; uma faixa de bolinha meio retrô; sertanejo em todo o canto da cidade; escuro; uma, duas, três da manhã; vontade de dormir de conchinha com o benhê; essa noite o céu tirou pra chorar feito eu; ninguém pra sair e avisar onde estou, por outro lado ninguém pra abaixar o volume, ninguém pra reclamar dos pratos sujos, ninguém pra fingir que eu não amo; nada normal; a experiência única de crescer prematuramente; uma agenda-diário de 4 anos atrás onde continuo registrando o quando sou bobona; um tô nem ai consciente; aulas de sociologia que me dão sono!

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Vi braços cruzados e nenhuma empolgação; sobra tanta falta de paciência que me desespero; comecei contando os dias, as horas e hoje não conto mais nada; as ruas têm nomes de meses do ano: 15 de novembro; 9 de julho, 4 de abril; não me culpe, eu não sou daqui...

- eis aqui a minha livre associação!


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