quinta-feira, 22 de abril de 2010

Eu não tô feliz!


- Difícil começar um texto com essa afirmação logo de título, mas é a melhor definição para o momento. Porque eu realmente não estou feliz e o mais triste disso tudo é descobrir que não sou feliz fazendo o que tenho feito a essa altura do campeonato, quer dizer, eu precisei chegar até o terceiro semestre do meu curso pra descobrir que isso não é o que eu quero. Até quero, mas não definitivamente, se é que da pra entender...


Tem algo que esta muito forte em meu coração e em minha cabeça nesse momento, não sei como escrever aqui, até porque teria de contar todo o contexto e ultimamente eu não ando boa com as palavras, tanto é que demorei mais de um mês pra conseguir começar a escrever esse texto, mas vou tentar resumir...

Se há algo que eu tenha herdado do meu querido pai é a paixão pelos idosos, ah, pra mim são as pessoas que mais podem me ensinar nessa vida e se tem algo que me deixa 
realmente muito revoltada é a falta de respeito por eles.

Nas férias de janeiro eu fui convidada pelo amor da minha vida (Rafa) a ir conhecer um asilo que ele visitou algumas vezes, mas que fazia muito tempo que não visitava. A princípio fiquei meio que sem saber como agir quando chegasse lá, mas de coração aceitei o convite e hoje me arrependo sinceramente de não ter ido antes. Me senti tão a vontade no meio deles, de cara adotei como minhas vózinhas três senhoras: a Lazára, a Maria José e a Alzira, cada uma com uma historia de vida diferente, mas com uma coisa em comum: não tem ninguém por elas! Isso me dói como uma bofetada! Não é demagogia não e só eu sei disso! E Deus colocou em mim um amor por essas senhoras que eu não consigo explicar, a minha vontade é de tirá-las dali e cuidar pessoalmente de cada uma delas, dizer que elas são amadas sim e que tem valor pra alguém nesse mundo.

Um amor por dois públicos opostos: crianças e idosos!

Depois disso tudo eu simplesmente entrei em uma puta crise em relação ao que eu quero fazer com a minha vida e daí então veio a duvida, a única certeza que eu tenho é que quero fazer a diferença!

Como professora eu faria a diferença, pois estaria ajudando na construção do caráter de um pequenininho que esta começando a viver, mas eu andei pensando e de pedagogos o mundo está cheio!... mas e de pessoas que tragam um pouco de dignidade pro resto de vida qe os idosos abandonados ainda tem? Quantas pessoas com esse propósito existe hoje em dia? Aposto que daria pra contar nos dedos...

Eu nunca pensei que pudesse entrar em crise em relação ao meu curso e a profissão que tinha escolhido pra mim, mas é uma coisa que me acertou em cheio e não teve como fazer de conta que não ta acontecendo.

Já pensei em tantas possibilidades que poderia numerá-las aqui:

já pensei em jogar tudo pro alto, voltar pra São Paulo e trabalhar como voluntária nesse asilo que conheci;

já pensei em me conformar, me formar em Pedagogia e seguir minha vida como eu tinha planejado a principio,

e a ultima possibilidade que anda rondando minha cabeça, é terminar minha graduação, voltar pra São Paulo, começar a trabalhar na rede (afinal eu preciso me sustentar) e paralelamente cursar Gerontologia na USP, é um curso novo que estuda todas as vertentes do envelhecimento humano, tanto sociologicamente como biologicamente, daí sim, dedicar o máximo que eu puder a cuidar pessoalmente dessas pessoas por quem eu tenho tanto amor!

As primeiras opções eu desisti, porque tem toda uma expectativa jogada em cima de mim por parte da minha família e amigos, principalmente do meu pai, o maior orgulho dele é saber que eu estou em uma universidade conceituada e que fui capaz de entrar nela e apesar de toda a dificuldade eles conseguirem me dar um suporte financeiro pra me manter aqui o tempo necessário. Por isso não sei se conseguiria jogar tudo pro alto aqui e simplesmente decepcioná-los. Claro que trata-se do meu futuro e cabe somente a mim decidi-lo, mas a opinião dessas pessoas realmente pesa pra mim.

Compreendes o dilema que to passando?

Como se não bastasse eu to sufocada de coisas que andam me tirando o sono; como aluna pesquisadora da faculdade tenho um monte de compromissos assumidos com a minha orientadora, eu não to dando conta de tudo, até estou, mas não com a qualidade que gostaria, não estou rendendo tanto quanto ela espera de mim... É uma secessão de coisas chatas que vão se acumulando e chega uma hora que: caraca!

Às vezes acho que tô no lugar errado.. pode até parecer fraqueza, pois que seja fraqueza então! Mas também não precisava vir no pacote: a Carla Maria tendo crise de gastrite nervosa; a Carla Maria dormindo mal; a Carla Maria tendo que sair da praça de alimentação do shopping pra não chorar na frente de todo mundo... Puts!

Como eu estava comentando com a Ni, (minha companheira de mantra, parceira, amiga, irmã, metade e todos os adjetivos que lhe couber) que eu faria o máximo pra só postar aqui textos meus, mas nesse caso, tem um texto do Caio Fernando Abreu que me lê perfeitamente e eu vou deixar registrado aqui também:


[...]

- Eu estava me sentindo muito triste, você pode dizer que isso tem sido freqüente demais, ou até um pouco (ou muito) chato. Mas, que se há de fazer, se eu estava mesmo muito triste?

Tristeza-garoa, fininha, cortante, persistente, com alguns relâmpagos de catástrofe futura. Projeções: e amanhã, e depois? E o trabalho, amor, moradia? O que vai acontecer?
Típico pensamento-nada-a-ver: sossega, o que vai acontecer, acontecerá! Relaxa, baby, e flui: barquinho na correnteza, Deus dará...



Faço das palavras do Caio, as minhas!


-

Um comentário:

  1. EU TBM TUDO ISSO!eu tbm tudo isso! mais eu não descobri o que eu colocaria no lugar dos seus idosos :/
    eu tbm tudo isso até o Caio, até o sair da praça de alimentação)...
    ps: perdão por sumir .

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